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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Herança de Watergate


O episódio de Watergate, nos Estados Unidos na década de setenta é um grande exemplo do “poder” da mídia e sua influência na sociedade. E por extensão, de como o comportamento do jornalista e seu compromisso com a ética é fundamental tanto para resolver um problema quanto para causar dano ao cidadão.

No caso Watergate, a persistência e o cuidado de checar todas as informações permitiram aos repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, desnudar a participação do presidente Richard Nixon em atividades ilícitas levando- o a renúncia da presidência.

Desde essa época a mídia tem transformado muitas histórias em casos polêmicos que mal estouram, desaparecem, esfumaçam, somem. Essa “ampliação” dos acontecimentos por vezes, não tem a importância que lhe é atribuída. Por outro lado outras histórias que precisam de uma investigação mais profunda são deixadas de lado, engavetadas.

O Brasil se tornou um verdadeiro centro de polêmicas, corrupções e fraudes. Temos vários exemplos como nosso caso “Collorgate”, o caso PC Farias, a compra de votos no governo FHC, o mensalão no governo Lula e mais recentemente o mensalão do DEM.

Mas o quê esses casos se parecem com Watergate? Em muitas coisas. A começar pela imprensa que foi a primeira a denunciar os principais envolvidos. Em alguns casos, muitos caíram para que o “grande envolvido” não fosse responsabilizado. Outra semelhança. Muitos fatos foram abafados.

No que diferem? Na importância dada ao acontecimento.

Os parlamentares brasileiros donos da “moral pública” tem uma vontade muito grande aparecer na mídia. Para isso contam a ajuda da imprensa, que lhe presta serviços de troca de favores.

Muitos jornalistas brasileiros parecem amar aos escândalos que condenam publicamente ao invés de repudiá-los e combatê-los. Isso acontece principalmente porque no nosso país, escândalo é sinônimo de promoção na carreira, notoriedade, costuma rematar os principais prêmios do jornalismo.

É muito comum vermos jornalistas vendendo suas opiniões perante os holofotes da mídia. Muitos acreditam que o trabalho feito por Bob Woodward e Carl Bernstein seja pura arrogância ou prepotência. Mas para quem faz o verdadeiro jornalismo é o grande exemplo de como lutar pela verdade e buscar fazer a coisa certa.

O jornalismo brasileiro precisa melhorar em muito no que diz respeito ao campo da investigação. Sem a verdadeira apuração, esta, persistente e ativa, fica impossível desempenhar o papel de desvendar as teias de mentiras e de ilegalidades que assombram o nosso país.

A imprensa tem que analisar e investigar as ações do governo com olhos mais críticos. E tomar muito cuidado para não transformar pequenas histórias em verdadeiros escândalos, pois o público está saturado desse tipo de cobertura jornalística.

A grande herança que Watergate nos deixou foi a que o jornalista deve servir ao público, buscando sempre a verdade. E que seu real interesse de denunciar “escândalos” não deve residir na autopromoção politiqueira, mas na vontade de combater atitudes corruptas.

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