Ciência x Entretenimento
Queria iniciar nossa discussão em cima do
seguinte pressuposto: A UFRN apresenta a CIENTEC mostrando os principais fundamentos de suas atividades
científicas, tecnológicas e culturais, buscando, dessa forma, uma interface com
a sociedade. Colocando a universidade como
espaço da troca de conhecimento e do diálogo de ideias. Além da programação
científica existe a programação cultural promovendo a apresentação de uma
grande quantidade de espetáculos de dança, música, corais e cinema, compondo a
moldura artístico-cultural desse evento de grande relevância para uma interação
entre a universidade, seus parceiros e a sociedade em geral.
Esse é objetivo da universidade.
Agora pergunto, qual é o objetivo da sociedade? Acho muito válida a
universidade proporcionar um evento dessa natureza, pois aproxima os estudiosos
e os que tomam proveito das descobertas destes. Contudo, até onde essa validade
vai? Quanto vale o esforço de alguém que vai apresentar seu trabalho que minutos
depois quem viu nem se lembra mais do que se tratava?
Um exemplo disso foi uma
declaração feita por um músico da Escola de Música dizendo que as pessoas não
entendem o que ele quer passar. Para ele, o seu trabalho, sua música estava
sendo desperdiçada não trazendo proveito para os que passavam por ali, que
paravam para ouvir e no final dizerem simplesmente “legal” e seguirem seu
caminho sem nada terem ouvido. Devo concordar nesse sentido.
Qual a motivação da sociedade
com relação a esse evento de proporcional importância? Quem sai de sua casa em
busca de conhecimento e não apenas de entretenimento? Muito se observa que o
evento tornou-se um ponto de encontro de amigos que há tempo não se veem. As
programações culturais se tornaram mais importantes que programações
científicas. Mas por que isso acontece? Talvez, porque as apresentações mais se
parecem aquelas feira de ciências do primário de tão entediantes. Poderia ser
de outra forma? Talvez sim. Contudo, não tenho a solução para isso.
Fato é que a preocupação
maior dos transeuntes do evento está em saber qual o cantor nacional que vai
está no palco todas as noites e os shows mais interessantes que o evento vai
proporcionar. Ao passear pelos pavilhões e ouvir as conversas é possível
perceber essa dicotomia que assusta. Ou seja, o pensamento é “a universidade
está proporcionando conhecimento, mas de quebra proporciona entretenimento, vou
para a que dá menos trabalho, vou curtir”. Afinal, entre conhecimento e
entretenimento é mais fácil ficar com o que não exige muito esforço seja ele
físico ou mental.
Talvez esteja sendo radical
demais ou mesmo generalista. Não estou dizendo que todo mundo faz isso, mas uma
maioria. Meu intuito é abrir os olhos daqueles que banalizam o conhecimento ou
mesmo preferem trocá-lo pelo entretenimento. Mas podem alegar que dentro do
entretenimento existe cultura. Mas aí vai depender do ponto de vista de
cultura. Cultura não é só assistir a um show e dizer que se sente mais
aculturado. Isso é pura inocência. Em outros termos é mais vantajoso obter o
conhecimento primeiro e deixar o divertimento para segundo plano. Não o
contrário.
No momento que as pessoas
entenderem de fato o que a universidade quer dizer com “espaço da troca de
conhecimento e do diálogo de ideias” e “interação” ela esteja atingindo seu
objetivo. Do contrário, será apenas um espetáculo de propósito deturpado.
Acredito que é possível
existir a comunhão entre Ciência e Entretenimento num mesmo lugar sem nenhum
anular o outro. Falta às pessoas a sabedoria do cuidado de não banalizar o
conhecimento em detrimento da diversão somente.
Acho que está na hora das
pessoas tomaram mais consciência do que é importante e que saibam aproveitar o
que a universidade tem a oferecer. E dessa forma eu não venha a ter que
escrever de novo sobre o assunto.
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