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sábado, 5 de novembro de 2011

Uma Crônica


Metalinguagem Crônica

Sempre gostei das figuras de linguagem. Elas nos servem para falarmos coisas simples ou complexas de forma mais adequadas, claro que no meu entender. Quando aprendi sobre a metalinguagem logo me identifiquei com ela. Palavra bonita.  A metalinguagem nada mais é que a linguagem que se debruça sobre si mesma. O jeito mais fácil de falar de si para si próprio. E como podes vê estou usando da metalinguagem neste momento.  Apropriamo-nos desse recurso linguístico em todos os sentidos. Seja no cinema, nos quadrinhos, na propaganda, nas artes plásticas e na própria literatura faz-se amplo uso dessa função. De forma nada mascarada Manoel Bandeira usou-a para descrever seus poemas “Eu faço versos como quem chora/ Meu verso é sangue. Volúpia ardente”. Vou também me apropriar dessa figura de linguagem encantadora.
Estarei nestas linhas escrevendo uma crônica sobre uma crônica. Nada mais apropriado. Conto como isso aconteceu. Estava “curtindo” termo moderno para dizer “apreciando” a XVII edição da CIENTEC no campus da UFRN e passeando pela feira do livro e me deparei com Paulo Castro. Ele estava muito sorridente, tranquilo. Estava relançando seu livro. E dando autógrafos. Parei. Fui até seu encontro e lhe perguntei sobre o quê tratava sua obra. E ele disse de boca cheia “é sobre minha vida”.
Refleti um pouco nessas palavras “é sobre minha vida”. Pensei comigo “quem se interessa por estórias alheias? O que a estória desse cara tem de interessante que merece ser lida?”. Mas tudo bem, me senti instigado por um pequeno detalhe. Paulo não estava numa cadeira comum, mas numa cadeira de rodas. Aproximei-me mais e pude perceber que sua voz que falhava num emaranhado de palavras rápidas e as cicatrizes que ainda povoavam sua cabeça. Um grave acidente de moto nos Estados Unidos o deixou paraplégico e outras sequelas. Fui juntando os pontos, talvez esses detalhes quisessem dizer muita coisa.
Fiquei em silêncio por um instante observando a capa e contracapa do seu livro. Uma luz me acendeu na cabeça. Pensei “esse cara deve ter uma história bem interessante” senão por que escrever um livro?
Na verdade minha ida à CIENTEC estava relacionada um trabalho de entrevista com alguém. Logo aproveitei esse pequeno momento para abordá-lo para um diálogo mais profundo. Em nossa conversa pude entender o quê Memórias Seletivas e Como! nome de seu livro, queria passar. E aí começa nossa viagem na crônica.
Sabe aquelas experiências que vivemos no dia a dia e nem nos damos conta que elas podem render belas crônicas? Assim surgiu a ideia principal do livro de Paulo. São estórias engraçadas e emocionantes que ele relata de forma simples e criativa. O livro é todo ilustrado enriquecendo a leitura. Mas eu teria que ler o livro para comprovar isso que vos escrevo. Comprei o livro pelo valor real de R$ 25. Pagamos tão barato para nos apropriar das estórias dos outros. Valei a pena fazer esse investimento.
Fui para casa a fim de ler as memórias de Paulo, diga-se de passagem, são memórias de longo prazo, pois os de curto são difíceis lembrar, foi o que ele me disse. Não aguentei. Logo me via rindo dos relatos nada convencionais de Paulo.
Sua vida é uma bela crônica. São estórias engraçadas, relatos de amores ganhos e perdidos e o acidente que quase lhe custou a vida. Claro que como são memórias seletivas, lembra? Não dava para colocar toda sua vida em 140 páginas.
Deixei exclamar o comentário “mas que crônica linda”. Depois da leitura até me veio a ideia de escrever um livro sobre minha vida. Claro que ia escrever mil páginas para cada volume e cobrar uma fortuna pelas minhas estórias. Pena que ninguém ia ler.
Não dá pra se ler tudo que escrevem por aí. Mas existem histórias que valem a pena serem escritas e valem mais ainda serem lidas. E as Memórias Seletivas e Como! de Paulo Castro é um exemplo de crônica que deve ser lida.

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