O ônibus chegou. Todos se ajeitaram e vibraram de alegria. Esses atletas são um grupo de deficientes visuais do Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte, mais conhecido pela sigla IERC-RN. Com mais de meio século de existência o IERC-RN tem prestado um importante serviço de assistência e integração social para mais de uma centena de pessoas com deficiência visual na cidade de Natal. Fundado em 16 de julho de 1952 o IERC-RN ergue-se imponente como um abrigo de paz e tranqüilidade numa das principais ruas do movimentado bairro do Alecrim.
O IERC-RN oferece aos seus alunos diversas atividades desenvolvidas em diferentes oficinas de criatividade, de interação social e esportiva. São disponibilizadas aulas de alfabetização em Braille, informática, teatro, música, e educação física, entre outras. Os alunos das mais diferentes idades são assistidos e orientados na busca de conscientização por uma melhor qualidade de vida.
O dia 09 de junho de 2010 marcaria a quinta versão do Trekking do IERC-RN. O Trekking é um esporte que se constitui em provas de caminhadas onde se percorre trilhas pré-estabelecidas com o objetivo de integrar os deficientes visuais à convivência com a natureza e à vida saudável. Os benefícios para a saúde são mais do que conhecidos. Emagrece, fortalece a musculatura de panturrilhas, coxas e glúteos, diminui os riscos de sofrer problemas cardíacos e relaxa. O projeto é coordenado pelo Prof. Pitágoras José Binde do Dep. de Psicologia da UFRN. O trekking tem como principal característica a interdisciplinaridade na sua aplicação envolvendo diversos Departamentos da Universidade como Nutrição, Educação Física e Comunicação Social. Nesta quinta edição o Trekking IERC-RN contará com os seguintes colaboradores: Academia de Karatê Sttênio Almeida, Clínica Odontológica Dr. Marco Aurélio Azevedo de Oliveira, Grupo de Estudo de Nutrição “Corpo e Alma” ,Pedrassoli Viagens e Turismo e Batalhão do Corpo de Bombeiros de Natal.
A trilha foi realizada no Clube dos Caçadores de Natal localizado no município de Nísia Floresta na lagoa do Bonfim.Um lugar bastante verde e com um vista para a lagoa.
Antes de começarem as atividades o grupo recebeu orientação do professor Pitágoras José Binde. Alongaram e fizeram a roda da Terra feita pela professora de educação Física do Instituto, Ana Cláudia dos santos. No meio do grupo está Pedro Marcelino de Lira de 61 anos que sofre de diabete há 17 anos e há seis anos começou a ter problema de visão causado por uma coagulação nos olhos. Hoje tem somente cerca de 6% da visão. Considera- se “cego genérico. Não sou cego e nem enxergo bem”. Já participou de três trilhas do Trekking. Para ele essa atividade serve para melhorar a qualidade de vida além de ser um exercício para mente. Já para Adla Freitas de 31 anos que participa pela primeira vez a experiência traz muitas lições. “Estou gostando muito. Essa atividade é muito importante pela integração e união do grupo. Temos aulas juntos e nesses momentos podemos desfrutar da amizade uns dos outros além do lazer”.
A parte mais interessante foi o momento que aconteceu a troca de papeis (de Guias) em que quem guiava não era a pessoa que acompanhava o cego e sim o próprio cego que conduzia pelo caminho. Outras atividades aconteceram também como: cabo de guerra na lagoa, caminhada e palestras ministradas pelo Corpo de Bombeiros.
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