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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Entrevistas e reportagens discutidas nas aulas relacionadas ao texto Investigação no Jornalismo


No texto Investigação no jornalismo: estratégia, fontes, documentação vimos a importância do jornalismo investigativo como prática da busca da “verdade jornalística”. Leandro Fortes em seu livro Jornalismo Investigativo (2005) diz que essa prática “no Brasil está atrelado a escândalos e denuncias”. A investigação jornalística também tem um papel profundo na  história e na política de nosso país.
 José Amaral Argolo, no livro Reflexões sobre o jornalismo investigativo (2004), dá exemplos de reportagens publicadas em diversos veículos de comunicação que contribuíram para o redesenho da história política do Brasil e de outros países. Um exemplo foi o impeachment de Fernando Collor de Mello. Na época, a bancada ruralista estava insatisfeita com o governo e articulou denúncias, que foram enviadas as redações por meio de Pedro Collor de Mello.
A prática do jornalismo investigativo requer um processo minucioso e conta com algumas práticas e metodologias diferentes das investigações cotidianas. Para a pesquisa, o jornalismo investigativo não se diferencia pelo formato do texto ou pela representação gráfica da reportagem, mas, pelas estratégias que o jornalista usa durante a prática investigava. Algumas características são fundamentais para o jornalista como diz Leandro Fortes (2005): pesquisa minuciosa, paciência e concentração; insistência e perseverança; conhecimento policial básico; curiosidade e desconfiança; discrição; checagem; é preciso libertar-se de preconceitos; objetividade e precisão são algumas delas.
Algumas estratégias também são importantes e as bastantes usadas pelos jornalistas investigativos são a infiltração, grampos e câmeras ocultas, relacionamento com as fontes, checagem de documentação, RAC. Podemos observar o uso de infiltração na reportagem “Petistas usam cestas básicas a favor de Lula” de Rubens Valente da Folha de São Paulo em que o repórter participa de uma reunião de moradores pobres nos bairros de Campo Grande (SP). Como não foi pedida identificação á reportagem, ele acompanhou todas as reuniões nas quais os coordenadores pediam votos a favor de Lula em troca de cestas básicas.
 Leandro Fortes (2005), fala que “se sabe que a maioria dessas matérias nasce de repasses puro e simples de informação, muito mais um mérito das fontes do que, propriamente, do repórter. Exemplo disso é entrevista de Roberto Jefferson concedida à Folha de São Paulo em que denunciava mesada paga pelos tesoureiros do PT. Outro exemplo é a entrevista de Pedro Collor concedida à revista Veja, em maio de 1992. Nessa entrevista Pedro Collor faz denuncias sobre atividade de Paulo César Farias no governo do irmão e chama-o de “testa de ferro” do presidente e outras séries de denuncias que mais tarde vão culminar no impeachment de Fernando Collor.
Uma reportagem que é marca do jornalismo investigativo é Caso LBA, em que Mário Rosa mostra as traquinagens e corrupções de Rosane Collor, esposa do ex-presidente Fernando Collor de Melo. Nessa reportagem Mário Rosa faz uma checagem em bancos de dados, analisa documentos e vai até o local para mostrar toda a rede de falcatruas montada por Rosane Collor.
Outra forma de investigação como já disse antes é o grampo. Como é uma prática ilegal é jornalista tem que tomar muito cuidado com esse tipo instrumento. Muitas vezes o que acontece é outras pessoas fazem os grampos e vendem aos meios de comunicação. Um exemplo disso é a reportagem “Deputado diz que vendeu seu voto a favor da reeleição por R$ 200 mil” feita por Fernando Rodrigues, repórter da Folha de São Paulo da sucursal de Brasília. Nessa reportagem, ele mostra por meio de uma gravação que a Folha teve acesso que o deputado Ronivan Santiago (PFL-AC) vendeu seu voto a favor da emenda da reeleição por R$ 200 mil. Essas informações só foram possíveis, pois as gravações estavam em poder da Folha.
Como jornalismo investigativo tem sua redundância: todo jornalismo é investigativo, partimos do preceito que ele não é somente denuncia ou exploração de escândalos, mas também, apuração dos fatos com riqueza de detalhes e informações precisas.
Vemos isso na reportagem de Eliane Brum em sua reportagem “A enfermaria entre a vida e a morte” para a revista Época. Nessa reportagem ela conta com riqueza de detalhes a vida de pacientes que se encontravam a beira da morte no Hospital do Servidor Público. Ela acompanha uma paciente chamada Ailce de Oliveira Souza por 115 dias até sua morte.
No decorrer da matéria conta muitos detalhes importantes da vida personagem, mostrando o lado humano da repórter. Nesse trecho podemos perceber uma investigação da repórter sobre a vida da personagem. “Ela nascera em São Romão, cidadezinha mineira forjada em histórias de sangue. E sua infância cabia num vão entre a largueza do São Francisco e um riacho de nome Escuro, que banhava a fazenda da família. Crescera cercada de água por todos os lados, mas tinha medo de nadar. Seu pai havia sido capitão de porto, delegado de polícia, juiz de paz. Sua mãe fora uma mulher forte, que fugira do primeiro casamento, aos 13 anos, com a pequena Maria pela mão. Mantinha a casa e os filhos asseados, as toalhas bordadas bem alvas, a cozinha mergulhada numa névoa de vapores perfumados.”
De acordo com co Leandro Fortes (2005) umas das maiores dificuldades da investigação jornalista reside, nas bases éticas de uma atividade a se misturar com uma atividade muito parecida com a atividade policial. Realmente, muito se discute sobre as atitudes de jornalistas diante de situações de uma matéria que exige infiltração, dissimulação e, não raras vezes muito perigo. Ele fala ainda que a tentação de descobrir a verdade, ou dela se apropriar como trunfo, pode levar as redações a optarem por todo tipo de meio investigativo, legal ou não, graças à velha máxima de que os justificam os meios.

Referências Bibliográficas          

ARGOLO, José Amaral. Reflexões sobre o jornalismo investigativo. Rio                   de Janeiro: Instituto Noos, 2004.
FORTES, Leandro. Jornalismo Investigativo. Ed. Contexto, São Paulo,  2005.

Um comentário:

  1. Muito bom rapaz!!!


    Estou gostando de ver! hahahah

    Abraço,

    Josenilson

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Salada Midiáticas Animação feita por alunos de Comunicação da UFRN